sexta-feira, 6 de abril de 2007

O Simbolismo da Libertação (sobre a Páscoa).

. Quando há a crença de que Jesus de Nazaré morreu sob tortura para nos libertar de todos os pecados, os que crêem nisto celebram este momento de forma respeitosa. A pessoa que melhorou a vida de muitas outras foi morta de modo violento e vexatório, porém, disse que seus executores não sabiam a seriedade do que estavam fazendo. Seus assassinos tinham a intenção de acabar com as possibilidades de mudança social que estavam se tornando reais demais, só não contavam com a incapacidade humana em controlar as possibilidades que estejam se estabelecendo dinamicamente – que envolvam tantas variáveis sem relações objetivas entre si –, complexamente.
. Após a constatação de que um assassinato realmente ocorreu há mais ou menos mil novecentos e setenta e quatro anos – estando Jesus com trinta e três anos de idade –, ocorreu o que os assassinos não sabiam: as possibilidades só se estabelecem através de ações concretas. Aqueles que agiram com muita intensidade, para eliminarem as possibilidades de mudança, alimentaram com a força impactante de seus atos o próprio movimento de transformação que lentamente estava se estruturando. Se milhares de pessoas falavam sobre alguém que estava praticando o bem, milhões passaram a falar sobre um assassinato brutal que havia ocorrido.
. Milhares de pessoas eram assassinadas naquela época, milhares foram e continuam sendo assassinadas de modo brutal, mas, o comentário que se estabeleceu foi: “mataram aquele que dizia saber o que era bom e que confirmava suas afirmações fazendo realmente coisas muito boas: coisas que nenhuma outra pessoa conseguia fazer tão bem”. Assassinaram uma pessoa especializada em fazer coisas impossíveis, mas, o mais chocante foi haverem assassinado uma pessoa que era capaz de transmitir a outros o poder de fazerem coisas impossíveis – como as coisas que milhares haviam visto ocorrer.
. Daí em diante, estabeleceu-se algo com o qual os assassinos não contavam: outras pessoas passaram a fazer aquelas coisas impossíveis, através da evocação do nome de Jesus de Nazaré. E muitos mais viram que Jesus havia, mais uma vez, provado o que dissera: sua morte não era sinal de derrota, era um elemento a mais para provar sua vitória sobre como o mundo tem sido estabelecido.
. A mensagem de Jesus de Nazaré é a da supremacia das possibilidades de paz, de cura e de prosperidade, sobre este mundo cheio de assassinos. Na Páscoa, há pessoas que celebram um assassinato, porque os assassinos não sabiam a importância e a seriedade do que estavam fazendo. Foi porque houveram pessoas dispostas a fazerem maldades com as outras, que ficou evidente o quanto é possível que as outras pessoas tenham os poderes de curar, de continuarem repetindo que a paz é melhor do que a violência, de provarem que a prosperidade só será possível quando aceitarmos a LIBERTAÇÃO do tipo que Jesus mostrava: quando estivermos livres desta rotina que procura o que destruir, que assassina a vida de quem morre e tortura a vida de quem mata.
. É possível não assassinarmos as possibilidades, porém, teremos que olhar para a violência, a miséria, a intolerância, a ansiedade, o medo e para tudo o mais que fingimos não estarmos vendo e que faz nos sentirmos mal: sofrermos. Foi quando não houve mais como negar que haviam assassinado aquele que fazia e ensinava como fazer o bem de formas impossíveis, quando milhares ficaram repetindo que estavam sofrendo porque alguém agiu de modo maléfico, é que milhões sentiram que a vida pode ser diferente de uma soma de destruições. E mesmo sem a presença física de Jesus de Nazaré, muitos fazem maravilhas, constroem e estabelecem o bem evocando o poder que Jesus provou ter e transmitir.
. Outras pessoas destroem o que puderem, inclusive a si mesmas. Elas sabem o que fazem, entretanto, estão muito assustadas para aceitarem que o caminho da destruição não vence o caminho da construção, da reconstrução, da renovação de possibilidades boas e construtivas.