quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Sobre Família e Individualidade.

. Sempre que alguém fala de si é expressão de uma característica solitária, de uma individualidade que deseja participar em comunhão com todas as outras individualidades. Este é um processo que ocorre inconscientemente, porque pretendemos sempre manter em foco a consciência de uma identidade particular. Há uma ambiguidade humana em desejar unir as individualidades sem abrir mão de uma identidade exclusiva. Algumas teorias afirmam que o homem é um animal social, outras afirmam que a identidade é construída através do contato com as outras pessoas, mas, o que disse se refere à existência de processos conscientes e também de processos inconscientes, ao mesmo tempo, na mesma pessoa. Esta duplicidade de processos interfere extraordinariamente nas relações humanas, até mesmo impedindo que exista uma comunicação eficiente, nítida, entre duas ou mais pessoas. Para contornar esta falta de compreensão, é utilizada a focalização temática, ou seja: “tentamos compreender-nos a partir de objetivos que estamos tendo em comum” – “através da comunhão”.
. A comunhão é medíocre: uma situação mediana, desprovida de qualidade, formalizada entre a nobreza e a pobreza do que é ser humano. Nela não é possível a autenticidade, pois nos força a fazermos acordos que eliminam muito de ambas as identidades.
. Os maiores problemas nas relações familiares são, justamente, esta falta de comunhão: cada um quer ser autêntico, inviabilizando os acordos que desenvolveriam a família em uma redução drástica de objetivos em comum. O núcleo familiar não precisa de normas e regras, precisa de uma qualidade de comunicação que a transforme num grupo voltado à comunhão. Em família não há lugar para a grandiosidade de um indivíduo.

5 comentários:

Regina Milone disse...

Grande Alexei!
Gostei muito do seu texto, mas fiquei confusa com algumas coisas, sem entender muito bem qual é a sua opinião afinal...
Acho que família neurotiza, massacra, rotula, padroniza e, com isso, sufoca, aprisiona e adoece as pessoas. Por outro lado, família acolhe, conforta, dá chão, sentimento de pertencimento e ensina a equilibrar egos e individualidades em prol do melhor pro grupo, oferecendo a possibilidade de começarmos a aprender a viver coletivamente.
Enfim...
Na linha tênue que separa o "bem" e o "mal" da família, a gente vai vivendo, se descobrindo, crescendo... ou pirando de vez! rsrsrs...
Um grande beijo, meu amigo!
Regina.

Regina Milone disse...

Mais uma coisa: amei a iniciativa desse blog, dessa troca de idéias!!!
Conte comigo!
Beijos...
Regina Milone.

Alexei Fernandes disse...

. Cara Regina,
você fez, justamente, o que é a intenção deste blog (vide a descrição sob o título). Obrigado por sua contribuição.
. Achei graça quando você diz ter ficado "sem entender muito bem qual é a sua opinião afinal...". A minha opinião é a de que vivemos em uma linha tênue (como você mesma disse), só que entre nossas fantasias e as possibilidades existentes no ambiente vivencial.
. Foi bom você ter demonstrado o exercício da ambigüidade em nossas vidas, sendo "adoecedora e confortadora", sendo "boa e também má".
. Como você disse: "a gente vai vivendo, se descobrindo, crescendo... ou pirando de vez!"
. Acho que ter a coragem de permanecer nesta linha tênue (sem nos fixarmos em uma única face da moeda -- o que é bem mais corriqueiro de ocorrer) é VIVER, é pertencer, é aprender a viver coletivamente.
. Quem sabe um dia possamos afirmar: "já sei viver coletivamente!"??
. Beijos ...

eadminimal disse...

Legal a idéia do blog Alexei!
É um exercício de comunhão?
:)

Alexei Fernandes disse...

. Cara Ana,
é um exercício de interação reflexiva, de exposição de idéias que toquem os aspectos imaginários e os físicos de cada um de nós. Talvez esta interação, ou esta exposição, seja útil a nós e a outros.
. Realmente é um exercício, mas, diferentemente da comunhão é um espaço para alguma grandiosidade individual, no qual outras pessoas são bem vindas.